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Excesso de atividades e preocupações levam mulheres à autonegligência com saúde cardiovascular

Doenças cardiovasculares são responsáveis por 35% das mortes anuais femininas

A lista de fatores de risco que levam às doenças cardiovasculares (DCVs) em mulheres é muito maior do que a dos homens. Existe o ranking comum a ambos os sexos: pressão alta, colesterol elevado, obesidade mas, mesmo entre estas causas, algumas terão mais impacto na saúde feminina. É o caso do diabetes, hipertensão e tabagismo cuja probabilidade de desencadear DCVs nelas é 25% maior.

 

Depressão, ansiedade e estresse agudo – fatores vinculados à saúde mental – também são mais recorrentes entre elas. “O excesso de preocupação com a família, a dupla – ou até tripla – jornada, que inclui vida doméstica e trabalho, podem justificar”, afirma a cardiologista Maria Teresa Bombig, integrante do SOCESP Mulher, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. “A autonegligência em prol de cuidados com terceiros leva à falta de prioridade com a própria saúde.”

E ainda há riscos exclusivamente femininos, como a síndrome dos ovários policísticos; falência ovariana precoce; complicações gestacionais; eclampsia; pré-eclampsia; histórico de câncer de mama e seus tratamentos e prevalência de doenças autoimunes/inflamatórias. “Além disso, na menopausa perde-se a proteção do estradiol que, entre outras funções, ajuda a manter ou reduzir o colesterol LDL e aumenta o colesterol HDL, essencial para a prevenção de DCVs”, esclarece a cardiologista Nina Azevedo, também integrante do SOCESP Mulher. “Outra questão é que temos artérias coronárias menores e de menor calibre, o que contribui para síndromes obstrutivas coronarianas.”

Em seu congresso anual – que aconteceu entre os dias 19 e 21 de junho no Expo Transamerica, em São Paulo, a SOCESP abriu espaço para discutir, ampliar conhecimento sobre doenças cardiovasculares em mulheres e implementar soluções que atendam às necessidades específicas do público feminino.

 

Pesquisa

Uma pesquisa publicada neste ano na Revista da SOCESP, cujo objetivo foi investigar o conhecimento de mulheres sobre fatores de risco para a própria saúde cardiovascular, denota escassez de conscientização sobre prevenção e sintomas. Uma das conclusões foi que não há consciência sobre mudanças comportamentais relativamente simples para afastar complicações: apenas 6,7% das entrevistadas concordaram que hábitos saudáveis – como se alimentar bem e atividade física regular – têm impacto positivo para o coração. “O desconhecimento sobre medidas ao alcance de todos explica o alto percentual de óbitos em mulheres: 35% das mortes anuais são por DCVs.”, diz Maria Teresa Bombig. “Manter dietas balanceadas, praticar atividade física, controlar parâmetros de diabetes e colesterol e dormir bem contribui para evitar danos ao sistema cardiovascular.”