Colunista

Da Busca à Bússola: Como Minha Jornada de Múltiplas Carreiras Ilumina o Caminho do Empreendedor

Olá, prezados leitores! Sou Andreia Arantes e dou as boas-vindas a este nosso espaço de reflexão e descoberta sobre o universo do empreendedorismo e a arte da experiência do cliente. Tenho 44 anos e, embora o jornalismo seja minha formação mais recente, minha bagagem é um verdadeiro mosaico: marketing, gestão comercial, ciências contábeis e, acima de tudo, uma busca que muitos de vocês conhecem bem – aquela ânsia interna por encontrar a “carreira certa”, um propósito que realmente nos preencha.

E é impressionante como essa jornada pessoal espelha o próprio mundo do empreendedorismo. Assim como nós, indivíduos, estamos sempre buscando algo novo – um curso, um livro, uma tribo – para preencher um espaço interno, o empreendedor também vive essa constante redescoberta. No Brasil, com tantos empreendedores por necessidade, essa dinâmica de aprender, desconstruir e reconstruir é ainda mais vital. Minha própria história é a prova viva dessa busca, e é dela que extraio os aprendizados que quero compartilhar. Permitam-me contar um pouco de como essa trajetória multifacetada construiu a visão que trago hoje.

A Minha Jornada: Uma Linha do Tempo de Experiências Reais

Tudo começou lá nos efervescentes anos 90. Minha primeira grande escola de vendas e persuasão foi como representante comercial Escola de Idiomas. Ali, o desafio era vender inglês fluente em oito semanas para executivos com pressa de conquistar o mundo. Aprendi a ouvir, a entender necessidades e a conectar soluções a desejos urgentes – um mercado pulsante que me ensinou o valor da comunicação eficaz.

Logo depois , mergulhei totalmente no coração do varejo, no contato direto com o consumidor. Como demonstradora e promotora de vendas, vivi o auge do trade marketing. Tive o privilégio de estar em grandes redes como o Pão de Açúcar, apresentando produtos e, sim, tive a honra de fazer demonstrações até para o saudoso Abílio Diniz. Fui também degustadora de grandes marcas, sentindo na pele o poder que uma experiência sensorial tem na decisão de compra. Ser aquela “garota de eventos” em feiras me mostrou a importância de encantar e criar conexões instantâneas.

A paixão pelo varejo me levou para a linha de frente das lojas de shopping. Como vendedora na TNG, 775, enfrentei a dinâmica acelerada, as metas arrojadas e a arte de transformar um olhar curioso em uma compra satisfeita. Cada cliente era uma nova história, uma nova oportunidade de aprendizado.

Buscando novos horizontes, ingressei no mundo corporativo como estagiária no Banespa, um gigante que logo se transformaria em Santander. Foi um período de imersão em processos, cultura organizacional e a complexidade de uma grande instituição financeira em transição. Com essa bagagem, o varejo me chamou de volta, mas agora para um novo degrau: a liderança. Minha jornada como líder de gestão de pessoas começou em gigantes das telecomunicações – Claro, Vivo, TIM, Nextel – e também na NET (TV a cabo). Gerenciar equipes diversas, motivá-las e buscar resultados em um setor tão competitivo foi uma escola intensiva sobre relações humanas e desempenho. A experiência se aprofundou quando assumi a liderança de equipes de cartões de crédito para grandes redes de supermercado. Ali, a pressão por metas era palpável, e a satisfação de ver o time crescer e superar desafios era a minha maior recompensa. Então, um convite especial: ser a primeira gerente da Lindt no Brasil, bem no início da sua joint venture com a Kopenhagen. Uma marca premium, um lançamento desafiador e a responsabilidade de construir uma operação de sucesso do zero, unindo duas culturas corporativas. Foi uma experiência doce e imensamente formadora!

Mas faltava sentir na pele o outro lado da moeda. Decidi empreender e abri a Agacia, minha camisaria feminina. Ser dona do próprio negócio me deu a visão completa: dos boletos aos sonhos, das dificuldades às pequenas vitórias diárias. Foi um aprendizado visceral sobre resiliência, gestão e a solidão, por vezes, do empreendedor.

E, finalmente, consolidando toda essa paixão por gente e resultados, atuei como executiva de RH em um grande grupo. Ali, pude aplicar toda a vivência acumulada – da ponta da venda à estratégia de negócios – para desenvolver talentos, criar culturas organizacionais mais fortes e alinhar pessoas aos objetivos da empresa.

A Conexão: Como a Jornada Moldou Minha Visão Sobre Pessoas e Negócios

Percebem o fio condutor? Em cada uma dessas posições, de promotora a executiva, da minha própria empresa ao mundo corporativo, uma verdade se destacava: o foco nas pessoas. Meu sucesso e meus resultados sempre vieram da capacidade de estar genuinamente com as equipes, de motivá-las, de dedicar aquele “tempo de mesa” para entender e desenvolver cada um. Foi essa vivência real, essa imersão profunda na gestão de pessoas e na liderança de campo, que me trouxe até aqui.

Quando migrei para o jornalismo e comecei a ministrar palestras e treinamentos, não precisei inventar teorias. Eu trouxe comigo as cicatrizes e as medalhas das trincheiras do mercado. Costumo dizer que, embora livros e cursos sejam importantes, 90% do que compartilho hoje nasceu da experiência vivida, das situações reais que enfrentei e superei. É essa bagagem que levo também para o meu podcast, o PodTalento, onde buscamos histórias que inspiram pela sua autenticidade.

O Elo Perdido (e Encontrado): O Autoconhecimento Como Bússola Empreendedora

Essa minha “busca incessante” pela carreira certa, que narrei no início, me ensinou algo fundamental, que vejo refletido em tantos empreendedores: a importância crucial do autoconhecimento. Assim como na vida pessoal, onde uma escolha de faculdade nem sempre é definitiva e precisamos de duas ou três tentativas para nos encontrarmos, no empreendedorismo, conhecer a si é o primeiro passo para o sucesso sustentável.

É por isso que insisto tanto para que o pequeno e o médio empreendedor, especialmente aquele que empreende por necessidade, faça uma pausa e olhe para dentro. Que tipo de negócio você realmente tem? Mais importante: que tipo de empreendedor você é? Quais são seus valores, suas paixões, seus limites? Onde você quer chegar?

Saber se você é um empreendedor com foco social, por exemplo, é vital. Um empreendedor social tem motivações que transcendem o lucro puro e simples. Se ele não tiver essa clareza, a pressão externa por resultados puramente capitalistas pode sufocar sua missão. Nesse caso, o autoconhecimento sinaliza:“Ok, minha missão é esta, mas preciso de alguém na equipe com um perfil mais capitalista para equilibrar as contas e garantir a sustentabilidade”. A falta desse entendimento é como navegar sem bússola.

O Que Esperar Desta Coluna: Uma Parceria de Descobertas

Neste nosso espaço, quero trazer exatamente isso: a vivência real traduzida em percepções práticas para o seu dia a dia. Falaremos sobre empreendedorismo com os pés no chão, explorando a grande importância da experiência do cliente – algo que vivenciei de todos os ângulos possíveis. Discutiremos gestão de pessoas, liderança humanizada e, acima de tudo, como o autoconhecimento pode ser a ferramenta mais poderosa para guiar suas decisões e construir um negócio que não apenas prospere financeiramente, mas que também o realize como indivíduo.

Minha missão aqui é usar cada capítulo da minha história, cada aprendizado, para ajudá-lo a conectar os pontos da sua própria jornada, a entender as nuances do seu negócio e a trilhar seu caminho empreendedor com mais clareza, confiança e, claro, sucesso.

Sejam muito bem-vindos a esta jornada que faremos juntos. Até a próxima!


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