Imagine o aroma doce e terroso do cuscuz de milho-verde cozinhando lentamente em um fogão a lenha, no coração do Tocantins. Ali, entre a simplicidade da vida rural e a força de uma mulher chamada Maria José, nascia não somente um prato, mas uma inspiração que moldaria o destino de sua filha, Ruth Almeida.
Criada na região do Bico do Papagaio, Ruth Almeida trilhou seus primeiros passos em meio à natureza exuberante e às dificuldades da vida no campo. Filha de trabalhadores rurais analfabetos, ela aprendeu desde cedo, com a visão empreendedora e o talento culinário de sua mãe, que a criatividade e a resiliência podiam transformar a escassez em fartura. Maria José, com suas mãos habilidosas, criava pratos que era pura poesia para o paladar, como o cuscuz de milho-verde, um abraço quente em forma de comida, e o lambari com coco babaçu, uma explosão de sabores tropicais que alimentava o corpo e a alma da família.
A jornada de Ruth não foi isenta de obstáculos. A malária, que quase a levou durante a primeira gravidez, foi somente um dos muitos desafios que testaram sua força. Mas, assim como sua mãe, Ruth encontrou um refúgio na cozinha e uma forma de seguir em frente. Trabalhou arduamente como quebradeira de coco, com as mãos calejadas pela labuta, e cozinhou em um fogão a lenha, mantendo viva a chama da paixão pela culinária e nutrindo seus entes queridos.
A mudança para Palmas, na década de 1990, representou um novo horizonte. Conciliando trabalhos como doméstica, lavadeira e cozinheira, Ruth nunca abandonou o sonho de transformar seu amor pela gastronomia em algo grandioso. A oportunidade surgiu quando seus filhos, reconhecendo seu talento único, a inscreveram no programa “Cozinheiros em Ação”. Ali, diante das câmeras, Ruth não somente cozinhou, ela emocionou. Sua cozinha afetiva, carregada das memórias da infância e dos sabores autênticos do Norte, conquistou o Brasil, rendendo-lhe um honroso terceiro lugar.
Foi o ponto de partida para a realização de um sonho: o Raízes Gastronômicas, um restaurante que se tornou um templo da culinária brasileira em Palmas. Cada prato ali é uma homenagem à riqueza dos ingredientes locais, à sabedoria dos pequenos produtores e, acima de tudo, à história de Ruth. O reconhecimento não tardou, com a conquista do Prêmio Dolmã, o Oscar da gastronomia brasileira, em 2018 e 2021, selando sua ascensão como uma das grandes chefs do país.

Mas a história de Ruth transcende os prêmios e os holofotes. Ela é uma pesquisadora apaixonada pela culinária indígena e quilombola, dedicando-se a conhecer e valorizar os saberes ancestrais das comunidades da Ilha do Bananal e do Parque do Xingu. Sua jornada a levou a brilhar em eventos de destaque, como o encerramento do Master Chef Brasil 2023, a convite do renomado chef Erick Jacquin, e na Fórmula 1, em Interlagos, onde seus pratos encantaram milhares de pessoas.
“A cozinha para mim é mais do que preparar alimentos, é contar a minha história, honrar as minhas raízes e mostrar que, com amor e trabalho, podemos alcançar voos inimagináveis”, afirma Ruth Almeida, com a humildade e a força de quem sabe de onde veio e para onde vai.

A trajetória de Ruth Almeida é um farol de esperança e inspiração para todos nós. Ela nos mostra que o talento pode florescer em qualquer lugar, que os desafios podem ser superados com perseverança e que a paixão, quando cultivada com garra, pode nos levar a lugares extraordinários. Sua história ecoa como um chamado para valorizarmos nossas origens, acreditarmos em nossos sonhos e reconhecermos a força transformadora do empreendedorismo feminino.
Para se inspirar ainda mais com essa jornada fascinante e mergulhar nos sabores autênticos do Brasil, siga Ruth Almeida no Instagram: @raizesgastronomicasto e @chefrut.
A saga de Ruth Almeida é uma celebração da força, da resiliência e do talento da mulher brasileira. Uma história que nos lembra que o extraordinário muitas vezes reside na simplicidade das nossas raízes, esperando somente a oportunidade de florescer e conquistar o mundo.